Plural, devia estar no plural, a pergunta, que na verdade são dois. Mochos, são mochos, os donos dos olhos grandes. Mochos segura-livros. O mais novo esteve quase-quase a desencostar-se das prosas para ir ali para cima dar as boas-vindas mas uma parede vizinha infelizmente prestes a ser modernizada acenou-me com um vermelho demasiado bonito para não ficar memoriado. O mais velho, lá na outra ponta da prateleira, ampara as culinárias, as cerâmicas e as pediatrias demasiado volumosas para o mais pequeno. Não fossem as diferenças nos centímetros e eram quase gémeos.
segunda-feira, 31 de março de 2008
sexta-feira, 28 de março de 2008
quarta-feira, 26 de março de 2008
era uma vez...
Assim mais ou menos à laia de compensação pelos constantes Cuidado! Isso parte-se! e Não mexas! Ainda está fresco, vais desmanchá-lo!, que isto de ter quatro-anos-quase-cinco muito remexidos e uma mesa com barros a atrapalhar as correrias para jogar à bola, fazer bolhas de sabão e gizar calças, dedos e chão no quintal, às vezes marioneto-lhe os bichos à frente e invento enredos. Era uma vez um porquinho que vivia muito triste porque o menino dono gastava as moedas todas em gomas e chupa-chupas e nunca lhe dava nenhumas... Era uma vez um galo que queria casar e pôs-se a cantar para ver se alguma galinha o ouvia... Era uma vez uma ovelha que estava farta de ser branca...
Na escola, quando falaram dos trabalhos dos pais, o meu miúdo respondeu A minha mãe conta estórias de barro. Tenho um filho-poeta.
segunda-feira, 24 de março de 2008
quatro meio feitas, ainda muitas por fazer
quinta-feira, 20 de março de 2008
quarta-feira, 19 de março de 2008
mãe-galinha
Assim, e porque esta e esta já bateram as asas para outras capoeiras, nasceu-lhe uma mulher para com ele combinar na perfeição...
(E só me lembro deste conto, de que gosto tanto, tanto, da Clarice Lispector, de que também gosto tanto, tanto...)
Vendida.
segunda-feira, 17 de março de 2008
pai-galo
Apaixonei-me por ele assim que se desembrulhou das bolhas protectoras e chamei-lhe galinha. O Mário, que comigo divide os dias e os trabalhos, negou-lhe o feminino e assegurou-o galo. Que se está mesmo a ver, no alturar do corpo e do rabo, no desarrumado da crista e no alongado das barbichas. Convenci-me a custo, que o jeitinho simpático que lhe encontro não o iguala em nada aos cantares de galo belicosos, emproados e solitários dos reais. Um galo com asas-corações não combina com solidões. Um galo com asas-corações precisa de família e de amigos...
sexta-feira, 14 de março de 2008
terça-feira, 4 de março de 2008
virados para a rua
Hoje, quando fazia a ronda pelos lugares do costume, descobri que dois dos bichinhos aqui da árvore papam não moedas mas sim os olhares de quem passa na montra do número treze da rua do Século.
segunda-feira, 3 de março de 2008
dois de março estrelado
Eu gosto de feirar os domingos no jardim. Gosto do sol, gosto do cheiro das árvores, gosto das folhinhas que vão aterrando no pano roxo, gosto das cores dos vizinhos, gosto das conversas com quem passa Isto é barro?, São mealheiros? E como é que depois se tiram as moedas?, gosto das perguntas dos miúdos Porque é que não fazes um leão marinho?, Onde é que está a girafa?, gosto de imaginar como ficarão as coisas nas casas de quem as leva, gosto de quem diz que gosta delas. Eu gosto muito de feirar os domingos no jardim.
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